António, meu escritor preferido
É noite. Está escuro também dentro de mim.
Tantos dias se passaram e não chegou nenhuma carta dele.
Mais uma madrugada sei que vou custar a dormir.
Vou ficar lembrando dos poemas que recitamos, das palavras que escrevemos, das músicas que ouvimos, da minha louca vontade de descansar.
É. Talvez ele tenha razão quando diz que não devemos confundir sentimento.
Talvez eu esteja enganada quando digo que o amo apenas como amigo.
Mais uma madrugada vou dormir aquele sono confuso, que não descansa.
Sonhar com a sua imagem no meu porta-retratos.
Imagem que eu mesma criei em branco e preto e que um belo dia sonho colorir.
Amanhã devo receber notícias da grande feira de livros que acontece em Lisboa.
Uns versos ternos de Pedro Ayres Magalhães.
Uma carta cheia de saudade.
Quero ter certeza que ele está bem.
E que esta é a última noite, a última madrugada que passo sem ele, sem o meu escritor preferido, que eu amo tanto e não sei de que jeito.
Leninha